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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Coisas de Família


A Descoberta

- Quem diria, minha irmã é uma piriguete!-diz Pedro sem nenhuma cerimônia.
-Cala boca, se não te meto a mão moleque!- o pai indignado berra.
-Ana, como isso foi acontecer? 15 anos grávida de dois meses. O que vai ser dessa criança?- o pai desabafa arriado sobre a poltrona da sala.
- Eu amo o Otávio, vamos nos casar daqui a três meses, vou começar a trabalhar e ele também. Vamos construir nossa casa ao lado dos pais dele, e tudo vai se acertar!
- Claro é tudo muito simples, né? Você não tem noção do que esta prestes a fazer da sua vida, minha filha! Vai ter que largar os estudos e se dedicar a esse filho, conciliar o trabalho doméstico com o emprego que terão que arrumar. Meu deus! Vocês são muito irresponsáveis, agora é tudo muito fácil, mais quando a criança nascer, terão que pular essa etapa que estão vivendo e cair de cabeça no mundo problemático dos adultos!- a mãe transtornada e com a certeza de que a vida que sonhara para sua filha nunca mais seria a mesma.

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O Noivado

-Faço questão de dar a festa!- O pai de Ana se antecipa a todos os presentes na casa. Os pais de Otávio se encaram em silêncio. A mãe de Ana, ainda estarrecida com o destino da filha se abstém de qualquer comentário.
- Mais Pai, já decidimos que vamos comemorar só nós dois mesmos, até por questão de economia. É uma besteira isso e imagine só os comentários da família toda! – disse Ana
-Devia ter pensando nos comentários da família antes de ir se deitando com qualquer zé mané por aí, né maninha?- exclama Pedro, sarcástico como sempre.
-Aí eu ainda mato esse moleque filho da pu...! –Ana aos berros corre pra cima de Pedro.
-Cuidado Ana, não esqueça que você está grávida minha querida!- diz Maria, mãe de Otávio.
- Já está resolvido, darei a festa sim, é uma questão de honra, você é minha única filha não deixarei passar nada em branco, e ponto final!- o pai em postura autoritária, saí da sala.
- Isso ainda vai longe...!- a mãe de Ana senta no sofá, com as mãos sobre a cabeça.

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O Casamento

-Mãe, não vou me casar com ele!- em prantos e toda descomposta, Ana atira longe o buquê de rosas vermelhas. O vestido branco com longo véu não é capaz de esconder a gravidez de cinco meses.
- Minha filha, qual o porquê disso agora?- a mãe sem entender muito que se passa pela cabeça da filha, tenta aconselhá-la à melhor decisão.
-É o Otávio, ele me traiu com a Susana, minha melhor amiga, e tudo por culpa dessa criança que me deixou gorda e cheia de estrias! Mãe ele é um desgraçado!
- Calma minha filha, essa linda menina que vai nascer não tem culpa de nada, se alguém tem culpa disso tudo são vocês mesmo, que não pensaram nas conseqüências de seus atos!
- Ótimo mãe, tudo o que eu preciso agora é um sermão da senhora!- e sem muito pensar saí correndo do quarto, sem se quer lembrar que vestia seu longo vestido, tropeça na cauda e caí bruscamente sobre a barriga já acentuada, pelos meses de gravidez.
Quando acorda, estranha o fato de todos os seus familiares estarem a sua volta.
- O que aconteceu?- pergunta Ana sem entender nada.
-Minha filha, sinto muito, mais com a violência da sua queda, você acabou perdendo o bebê!- o pai com lágrimas não conseguiu se conter.
-Cadê o Otávio? –Ana ainda olhando em volta para saber sobre o pai de sua filha.
-Não pergunte por esse desgraçado! – a mãe não aguenta e acaba soltando sem pensar.
-Veja lá como fala do meu filho Marta!- exclama José pai de Otávio.
- Mais é isso mesmo que ele é, primeiro engravida minha filha, depois a traiu e para piorar a situação ainda foge no dia do casamento com uma vagabunda qualquer que se dizia ser sua melhor amiga!
-Mãe agora isso pouco importa!- diz quase que num sussurro Ana.
-Como assim Ana, pouco importa, e você como fica agora, sem marido e ainda, sem o bebê que já era parte de nós. – diz o pai de Ana.
-Tenho que dizer uma coisa muito importante que omiti durante todo esse tempo. O filho que eu esperava não era de Otávio, e sim do Marcos, o melhor amigo de Otávio!- Ana começa a chorar descontroladamente.
- Ana como pôde nos esconder isso?- a mãe quase sem palavras não sabia como contornar aquela situação.
-Viu, eu estava certo o tempo todo! Ela é e sempre foi uma piriguete! – agora Pedro ria da situação em que a irmã colocou seus pais.
-Cala boca Pedro! – todos exclamaram a uma só voz.

7 comentários:

  1. Então Priscila, passando aqui pra agradecer a visita e o comentário lá no blog.

    Então, o seu texto é intenso e cheio de surpresas. Prende a atenção do leitor, gostei.

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  2. Tragicômico seu conto.

    Mas não foge à realidade da mentalidade dos jovens em nível mundial.

    Histórias como essa sua acontecem não só no Brasil, mas em outros países também.

    Coitado dos pais, q são além de responsáveis (pela omissão nalguns aspectos da criação) aqueles que pagam o pato e "paitrocinam" a criação dos netos, aqueles q não pediram para nascer.

    Gostei. E ri bastante.

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  3. kkkkkkkkkkkkkk... essa é uma das crônicas mais engraçadas que você já escreveu maninha.Tragicômica aliás...rsrsrs

    Haja criatividade!!!
    Tá mandando muito bem!

    Beijos no coração

    Márcia Canêdo

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  4. Hilário! Mas tão real! Que pai tem essa moça, não? Nobel pra ele. Agora, o irmão é perfeito, sempre metendo bronca e se metendo. Continue a história:
    o nascimento do bebê!...
    Grande abraço, mineirinha Priscila.

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  5. Tragicômico! Fiquei com dó da Ana, mas de fato era mesmo uma piranha! Esse é o mundo que vivemos, um mundo de emoções e de verdades! Meus parabéns

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  6. Credo que rolo. Ainda bem que minha filha cresceu normal! Nem sei se é coisa de "piranha", mas de falta de senso mesmo.

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  7. ADOREI! Principalmente o sarcasmo de Pedro! eheheheeh
    Coisas da vida, com toda a certeza!

    Parabéns, Pri! Achei fantástica a forma que você fez os diálogos!
    Clap, clap, clap!!!!

    Beijão

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