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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Filhos da Violência


Maria Joaquina (nome fictício), 12 anos, chega ao hospital, denunciando um estupro. Constata-se uma gravidez. A família recorre ao Estado alegando que devido a um ato de violência não tem a intenção de manter a gestação. O Estado determina que uma gravidez pode ser interrompida , em caso de estupro , em até 20 semanas caso o feto pese menos de 500 gramas. No caso em questão, a menina não pode recorrer ao aborto, e terá consequentemente, que levar a gestação até o final e encaminhar o filho para a adoção, já que não é do interesse da família criar um filho da violência. E agora? Mais uma criança gerando outra, mais uma criança num lar de adoção, mais uma família destroçada por atos de violência.
Casos como esses, tem se tornado rotina no contexto de nossa sociedade. A justiça não é capaz de reduzir abusos sexuais, e tantos outros que ocorrem diariamente.
Muitas vezes, abusos de ordem sexual acontecem envolvendo atos incestuosos, pais e filhos, primos, irmãos, e são ainda muito mais difíceis de serem denunciados, reprimidos, ou penalizados, devido a vergonha de se denunciar.
O que talvez nos chame atenção,são que as conseqüências desses abusos, ultrapassam os limites das lesões físicas, deixam marcas irreversíveis de natureza psicológica, cicatrizes profundas que serão levadas com certeza pela vítima, durante toda a sua vida. Reflexos que atingem a autoestima, relacionamento interpessoal, dentre outros.
As crianças geradas por atos como esses, também se tornam vítimas diretas, sendo destinadas a viverem rejeitadas em abrigos, e instituições.
Como resolver esse problema que assola nossa sociedade atual? Será intensificando os meios de punição a tais atos? Creio que uma efetiva intervenção da justiça, seja uma medida que ajudaria a contornar um pouco essa problemática, porém o que realmente considero eficaz, sejam medidas de ordem educacionais, programas de ajuda a pessoas que sofrem de distúrbios de ordem sexual, tratamentos gratuitos, controle maior por parte do Estado e medidas preventivas de reeducação. A propaganda gerada em torno da atividade sexual é muito grande. A mídia, seja televisiva, virtual, contribui para essa “sexo mania” que vivemos. Muitas vezes os próprios pais, sem intenção, sexualizam seus filhos cedo, as vezes na maneira que os vestem, ou incitam a movimentos corporais erotizados em danças apelativas, daí a necessidade de se educar para informar e prevenir atos de violência sexual.

Priscila Canêdo