Pesquisar este blog

terça-feira, 15 de março de 2011

Ás Margens de uma Sociedade Perfeita



Dia 25 de dezembro, é Natal outra vez. O ano já não interessa. Não vejo graça em comemorar essas festas. Na favela, as coisas nunca mudam. O morro continua chorando sangue, as famílias acuadas pelos donos da favela. A música que toca, não é noite feliz, e Deus está muito longe de nós agora.
Os sons dos tiros embalam nossa noite, nossa mesa está vazia, não há panetone, e muito menos peru. No quarto meu pai se droga, tentando fugir dessa rotina de misérias.
O Natal não existe, minha vida, é uma intensa rede de aventuras trágicas, onde tenho que matar para sobreviver, vender o pão de hoje, para comer o de amanhã. Enquanto todos comemoram fingindo estar em um mundo à parte, longe de todos os problemas que temos que enfrentar, apenas nós. Suas filhas e irmãs se arrumam em salões de beleza, e minha irmã vende seu corpo em troco de poucos trocados para conseguir comida, pois precisa se sustentar e ao seu filho. Os enfeites de natal em meu barraco, não passam de buracos feitos por balas perdidas. Meu filho, não ganhará presentes e muito menos eu. Nosso presente é sobreviver mais um dia deste ano.
Não iremos nos reunir, porque sempre há uma discussão quando estamos juntos. Passarei a noite entregando drogas e apagando aqueles que tem que ser eliminados. Vou levando a vida até a hora que ela resolver me levar.
Se eu pudesse acabar com isso tudo, o faria, mais não tenho coragem de tirar a única coisa que tenho, a vida. Hoje é um dia como todos os outros. Para mim, e todos os que moram aqui. Os presentes que queremos não se compram, não se vendem, são como itens que já vem dentro de cada um de nós, e que vocês também não os tem, se chama dignidade, se chama amor ao próximo, compaixão, solidariedade.
Fecharei meus olhos, mais não dormirei, porque minha consciência não permite. Ter que matar, roubar, ver minha família se vender por um prato de comida em cima da mesa, ou por um canto para se abrigar.
Não sei o que é o Natal, não vivi essa data no seu verdadeiro significado. Você já viveu o Natal? Já estendeu a mão para um desconhecido? Eu acho que não. Se não o que eu estaria fazendo aqui no fundo do poço?

terça-feira, 8 de março de 2011

Sensações


Te sinto por perto
Um olhar, um sorriso, um beijo
Traz de volta sensações de um intenso desejo
Um toque, um doce afago,
O roçar leve, suave de seus lábios
Um desejo desperto,intenso roubado
Do aroma que exala do seu hálito

Suas mãos entre os meus cabelos
Eu entregue, a mercê de seus anseios.

Coração dispara.
Seu olhar me congela, me para.
ouço uma música, um silêcio que cala

Em seus braços descubro
O que existe além dos muros
Amor, desejo, paixão
A música vem do seu coração.

Será um sonho?
Um delírio, um divagar?
Não creio!
Despertada agora me conforto em seu peito!

Em seu olhar eu vejo
O meu reflexo como num espelho
O seu sorriso me mostra
A verdadeira resposta

Nem sonho, nem imaginação
As batidas de seu coração
Revalam um amor que se fez
Eternizado para sempre, talvez!

quarta-feira, 2 de março de 2011

E se.....


E Se.....


E se um dia eu olhar para trás e perceber que vivi uma vida em vão?


E se um dia eu perceber que desperdicei muitos anos da minha vida com alguém que nunca me amou?


E se um dia eu acordar e descobrir que meus sonhos de hoje são possíveis pesadelos de amanhã?


E se um dia ao invés de ter um sorriso nos lábios, terei lágrimas nos olhos?


E se um dia você perceber que estive sempre ao seu alcance,ao seu lado, mas nunca em seus olhos?


E se um dia eu perceber que nada valeu a pena, porque tranquei meu coração no momento em que vc se foi?


E se o sol brilhar e com ele vir boas novas?


E se alguém me estender a mão e me trazer de volta a vida?


E se a chama do amor reascender em meu peito com o brilho do seu olhar?


E se Deus enviar um anjo e apor fim na minha finita escuridão?


E se eu morrer plenamente feliz por ter vivido, amado, sofrido, lutado, mas nunca desistido de ser feliz?


Assim eu quero me lembrar da minha vida, da minha jornada eterna em busca da felicidade.